A pesquisa do docente Sávio Luis Stoco, da Faculdade de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará, foi determinante para confirmar a identidade do filme Amazonas, maior rio do mundo (1918-1920, 55’) um documentário longa-metragem de um dos principais documentaristas atuantes no Brasil nas primeiras décadas do cinema, o cineasta Silvino Santos, português radicado em Manaus. O filme foi gravado no Pará, Amazonas e na região do oriente Peruano e propõe uma grande e diversificada viagem fluvial pelo rio Amazonas focalizando localidades como Belém, campos do Marajó, Santarém, Itacoatiara, Manaus e rio Putumayo.
A produção estreará hoje (10/10/2023) na programação de um dos principais eventos dedicados ao Cinema Silencioso, a Gionate del Cinema Muto (Pordenone Silent Film Festival) que ocorre na cidade italiana de Pordenone de 07 a 14 de outubro. O catálogo traz um texto de Sávio Stoco sobre a descoberta e já pode ser acessado (http://www.
Considerado perdido até hoje e inédito no Brasil, Amazonas, maior rio do mundo, foi levado por um representante para a Inglaterra para ser negociado oficialmente. Mas, o representante agiu ilegalmente ao atribuir a si a autoria do filme e nunca retornar com o dinheiro e o filme para Manaus, tendo vendido o filme para uma farta distribuição europeia durante a década de 1920. A perda levou a falência a produtora Amazônia Cine Film.
A pesquisa que contribuiu para a descoberta foi a tese de doutoramento de Sávio Stoco O cinema de Silvino Santos (1918-1922) e a representação amazônica: história, arte e sociedade defendida no Programa Meios e Processos Audiovisuais, sob orientação do professor Eduardo Morettin, em 2019 e publicada em livro em 2021 congratulada pelo Prêmio Cosme Alves Neto no âmbito do concurso Prêmios Literários Cidade de Manaus 2021 (https://concultura.manaus.am.
A pesquisa contornou a ausência do filme com uma metodologia que envolvia a descoberta e estudo de uma grande pesquisa de documentos textuais e visuais diversificados inéditos localizados pelo pesquisador, dentre descrições textuais, transcrição de intertítulos, anúncios e críticas cinematográficas de periódicos, fotografias da produção e a autobiografia do cineasta. Essa massa documental e suas sínteses reflexivas apresentadas na tese possibilitaram ao pesquisador, em conjunto com o curador Jay Weissberg diretor do festival de Pordenone e crítico da revista Verity, e membros da equipe da Cinemateca Brasileira onde se encontra boa parte do acervo fílmico de Silvino no Brasil, que chegassem à conclusão sobre a descoberta do filme de Silvino Santos.