A Escola de Teatro e Dança (ETDUFPA) do Instituto de ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) através do projeto de extensão "Memórias Cênicas: formação, reflexão e práticas performativas", ligado ao grupo de pesquisa PERAU- Memória, História e Artes Cênicas na Amazônia/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq), realizará no período de 22 a 26 de agosto/18, no Teatro Universitário Cláudio Barradas (TUCB), o I Seminário Nacional de Memórias Cênicas na Amazônia: 60 anos de Morte e Vida Severina nos palcos, coordenado pelo professor-doutor Denis Bezerra.

I SEMINÁRIO NACIONAL DE MEMÓRIAS CÊNICAS NA AMAZÔNIA

A Escola de Teatro e Dança (ETDUFPA) do Instituto de ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) através do projeto de extensão "Memórias Cênicas: formação, reflexão e práticas performativas", ligado ao grupo de pesquisa PERAU- Memória, História e Artes Cênicas na Amazônia/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq), realizará no período de 22 a 26 de agosto/18, no Teatro Universitário Cláudio Barradas (TUCB), o I Seminário Nacional de Memórias Cênicas na Amazônia: 60 anos de Morte e Vida Severina nos palcos, coordenado pelo professor-doutor Denis Bezerra.

O Seminário tem por objetivo central abrir espaço de memória e comemoração de um importante ano para a história do teatro brasileiro e paraense: os 60 anos da primeira encenação da obra de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina, e, busca, também, abrir um debate crucial para a historiografia teatral nacional, a partir de um singular movimento cultural ligado às artes cênicas brasileiras: o teatro amador e de estudante, capitaneados pelo ator, poeta, teatrólogo e diplomata brasileiro, Paschoal Carlos Magno. 1958, ano a ser lembrado pelo evento, presenciou a realização do I Festival de Teatro de Estudante do Brasil, em Recife, responsável pela reunião de diversos grupos teatrais amadores de todo o país; e a primeira encenação da obra de João Cabral de Melo Neto, produzida por um grupo paraense, o Norte Teatro Escola do Pará.

O movimento de teatro amador, promovido por Paschoal Carlos Magno, foi muito importante para a modernização dos palcos nacionais no século XX, durante 30 anos. Contudo, os estudos e pesquisas históricas sobre o teatro brasileiro sempre procuraram dar destaque para outros eventos, criando uma história oficial do teatro moderno no Brasil. Porém, pesquisas recentes procuram refletir a importância desse movimento cultural, por meio da expansão do debate acerca dessas questões.

O teatro paraense esteve fortemente ligado a esse movimento nacional, que via o teatro amador e de estudante um importante espaço de formação artística e humanista. O grupo Norte Teatro Escola do Pará (1957-1962) participou de quatro edições desses festivais nacionais: 1958 em Recife, com Morte e Vida Severina; 1959 em Santos, com Édipo Rei; 1960 em Brasília, com Pic nic no front; e em 1962 em Porto Alegre, com Biedermann e os Incendiários. Nos dois primeiros festivais, o grupo se destacou por apresentar trabalhos inéditos aos palcos brasileiros da época, e essa postura vanguardista estava presente em suas ações.

Vale destacar a presença de importantes nomes locais e nacionais no Norte Teatro Escola do Pará, dos quais podemos citar quatro: Maria Sylvia Nunes, a primeira diretora do espetáculo Morte e Vida Severina, que em Santos/1959 ganharia o prêmio de melhor direção do festival, premiação essa que lhe deu a oportunidade de passar alguns meses na França, para realização de cursos de teatro. Atuou, também, a partir de 1963, no Serviço de Teatro da Universidade do Pará, como diretora da Escola de Teatro e como docente, à frente das disciplinas História do Teatro, História do Espetáculo e Teoria do Teatro, até se aposentar, na década de 1990.

O segundo nome é o de Carlos Miranda, ator que interpretou o personagem Severino, e ganhou o prêmio de melhor ator do primeiro festival, premiação essa que no ano seguinte, no segundo festival, repetiria como Édipo, na tragédia sofocliana. Em 1960, ao terminar o curso de Direito na UFPA, Carlos Miranda muda-se para a cidade do Rio de Janeiro, dando continuidade à sua carreira teatral como ator e, posteriormente, como produtor e gestor cultural, chegando a trabalhar no ENACEN, ligado ao antigo Serviço Nacional de Teatro.

O terceiro nome é Benedito Nunes, importante intelectual paraense, dedicado ao pensamento filosófico e à crítica literária. Atuou, também, a partir de 1963, como docente e gestor do Serviço de Teatro da Universidade do Pará, atual Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA).

Por último, destacamos Angelita Silva, que desde a década de 1940 desenvolvia importante trabalho com as artes cênicas paraenses. Participou como produtora do grupo Teatro do Estudante do Para, dirigido por Margarida Schivazappa, importante liderança do movimento amador de teatro entre as décadas de 1940-50. Angelita colaborou, ainda, como crítica de teatro, em revistas de arte e cultura de Belém, função essas desempenhada com aguçado senso crítico e contemporâneo de sua época. Ela trabalhou como tradutora de muitas obras para os grupos amadores, como o texto O Poço do Falcão, de W.B. Yeats, peça levada em 1956 ao I Festival de Amadores Nacionais, organizado por Dulcina de Moraes junto à Fundação Brasileira de Teatro.

Com base nisso, a realização desse evento surge como espaço para refletir e socializar pesquisas desenvolvidas ou em desenvolvimento de intelectuais e artistas brasileiros ligados a esse campo de conhecimento. Ele congrega pesquisadores de diversas instituições nacionais, procurando mostrar o intercâmbio de ideias, a partilha de saberes, a celebração da memória das artes cênicas nacionais. É um encontro comemorativo, mas, também, de comunhão de saberes, ponto fundamental na extensão universitária.

Portanto, o evento é um momento de celebração, de reconhecimento histórico ao fato, às pessoas, aos artistas e intelectuais brasileiros que se dedicaram no passado pelo fazer e pensar cênico nacional. Por isso, sua realização tem como pilar a memória, pauta-se na necessidade de pensarmos, de criar uma relação de pertencimento a essa história que ainda não foi contada. Os festivais nacionais de teatro de estudante, organizados por Paschoal Carlos Magno, ainda são capítulos a serem escritos pela historiografia teatral. Damos um passo, porque acreditamos que esses momentos foram de fundamental importância para as artes cênicas brasileiras na segunda metade do século XX, finalizou o professor Denis Bezerra. coordenador do evento.

Denis Bezerra é paraense, artista, ator, diretor teatral, performer, professor de teatro. Doutor em História (UFPA), Mestre em Letras – Estudos Literários, graduado em Letras - Língua Portuguesa (UEPA). Técnico em Ator pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará/ETDUFPA (2007). Professor da Escola de Teatro e Dança da UFPA, atua na Licenciatura em Teatro e no curso Técnico de Ator; e no Programa de Pós-graduação em Artes da UFPA, na linha de pesquisa História, Crítica e Educação em Artes; e no curso de Mestrado Profissional/PROFARTES/UFPA, o qual é o coordenador (2017-2018).

 

As inscrições estão sendo realizadas pelo site: https://peraupesquisa.wixsite.com/semnacmemcenamaz e encerrarão no dia 22/08.

Mais informações pelo celular (91) 98269.9457 ou e-mail (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ) (Denis Bezerra- coordenador do evento).

 

O Teatro Universitário Claudio Barradas fica na Rua Jerônimo Pimentel, 546, esquina com a Travessa D.  Romualdo de Seixas, no bairro do Umarizal, em Belém-PA.

PROGRAMAÇÃO:

22/08

Credenciamento – a partir das 17h – Hall do Teatro Universitário Cláudio Barradas.

Noite

18h – Abertura do evento.

18h30 – Conferência de abertura.

Paragassú Éleres – Morte e Vida Severina – seis décadas depois.

20h – Espetáculo Morte e Vida Severina.

23/08

Tarde.

(15h às 16h30) Mesa 01 – O teatro amador brasileiro e os festivais de teatro.

Angela Reis (UNIRIO) – Por uma história plural do teatro brasileiro.

Leidson Ferraz (UFPE) – A cena teatral pernambucana em meio ao I Festival Nacional de Teatro de Estudantes – 1958.

Mediadora: Rosilene Cordeiro (PERAU)

(17h às 18h30) Mesa 02 – João Cabral de Melo Neto/Morte e Vida Severina: reflexões.

Ernani Chaves (UFPA)- João Cabral por Benedito Nunes.

João de Jesus Paes Loureiro (UFPA) – O Poema no Teatro: a ação como palavra e a palavra como ação.

Mediador: Cláudio Didimano (ETDUFPA)

(18h30 às 19h30) - Ações performáticas

(20h) - Espetáculo – Morte e Vida Severina

24/08

Tarde.

(15h às 16h30) Mesa 03 – Norte Teatro Escola do Pará e os festivais nacionais de teatro.

Denis Bezerra (UFPA) – Norte Teatro Escola do Pará: entre a tradição e a vanguarda.

Iracy Vaz (UFPA) – O protagonismo da encenação: Maria Sylvia Nunes e a primeira montagem de Morte e Vida Severina.

Mediadora: Ana Gama Santos (ETDUFPA/PPGARTES)

(17h às 18h30) Mesa 02 – Paschoal Carlos Magno e João Caetano – ações culturais para o teatro brasileiro.

Andréa Carvalho dos Santos (RJ) - “Sem alicerces não se levantam edifícios”: caminhos e descaminhos da formação atorial a partir de João Caetano e Paschoal Carlos Magno.

Fabiana Fontana (UFSM) – Paschoal Carlos Magno e a descentralização cultural, no contexto do amadorismo teatral.

18h30 às 19h30 - Ações performáticas.

(20h) - Espetáculo – Morte e Vida Severina.

25/08

(20h)- Espetáculo Morte e Vida Severina.

 26/08

(19h) - Espetáculo Morte e Vida Severina.